segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Cassino Utopia
As cartas estão marcadas
Algumas com sangue,
Outras com saliva
Mas, todas pertencem
Ao acaso de uma ruína
Futura
Agora só silêncio...
Nenhum eco na névoa
Ressecada da cidade.
Que repousa
Em gentil
colapso mecânico.
domingo, 20 de dezembro de 2009
Algodão doce
Outrora um homem bateu em minha porta, cheio de esperanças e amor,
e com palavras doces levou toda minha capacidade de amar consigo.
Disse-me que seria um empréstimo apenas, eu acreditei, pois
depositava muita fé na humanidade. Hoje, três anos depois,
continuo esperando o cachorro latir, na esperança de que seja ele,
cheio de novidades, presentes e especialmente com minha capacidade
de amar novamente. Mas desta vez era só o vendedor de algodão doce.
sábado, 15 de agosto de 2009
velocímetro
no cimento sólido da noite,
firmei os pés na penumbra
(do acelerador).
mas, então, veio o futuro,
carregando no ventre as
novidades.
parei, pensei, e ainda não
sei, se quero tamanha
velocidade.
de 0 a 100 em 3 segundos,
nevoeiro, uma lebre estraçalhada.
Agora, só sangue no retrovisor.
(e mais um corpo na estrada)
firmei os pés na penumbra
(do acelerador).
mas, então, veio o futuro,
carregando no ventre as
novidades.
parei, pensei, e ainda não
sei, se quero tamanha
velocidade.
de 0 a 100 em 3 segundos,
nevoeiro, uma lebre estraçalhada.
Agora, só sangue no retrovisor.
(e mais um corpo na estrada)
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Seqüencial
Eu permito que a paisagem passe por mim,
Contanto que me deixe permanecer
Estático.
Exatamente onde sempre estarei:
Diante das intermináveis seqüências.
Contanto que me deixe permanecer
Estático.
Exatamente onde sempre estarei:
Diante das intermináveis seqüências.
Eu, por mim mesmo...
Gostaria de poder
Desnascer
Retornar à estática
Matemática
De um zero
Que nunca correu
O risco de existir.
Desnascer
Retornar à estática
Matemática
De um zero
Que nunca correu
O risco de existir.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Negócio fechado
Estou devendo até as calças;
Calma, ainda tens a alma
Não adianta, pois esta
já vendi mês passado
E barato, mas fazer o quê?
Era semi nova e já estava
até meio torta.
Calma, ainda tens a alma
Não adianta, pois esta
já vendi mês passado
E barato, mas fazer o quê?
Era semi nova e já estava
até meio torta.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Dai-me tua mão
1
Dai-me tua mão
Vamos até onde quisermos
Não olhe atrás
Pois não há nada
Além da luz que ofusca
Sua beleza finita que
Envelhece a cada
segundo.
Quero desfrutar sem
Corromper
Tirei meu olho esquerdo
Só para emprestar-te
2
O gosto amargo do teu vômito
Me deliciou
Teu útero palpita
E minha boca enoja
Tudo em volta, gira!
Tudo em volta, gira!
Epílogo:
Não sei, acho que volta...
Era a mãe de um anjo
Um anjo homem
Não macho reprodutor
Um anjo homem, apenas.
Que ao conhecer o vínculo quente
Foge para a sombra do progresso
E na cidade dos homens sem asas
É morto a pauladas
(Por ser puro)
Dai-me tua mão
Vamos até onde quisermos
Não olhe atrás
Pois não há nada
Além da luz que ofusca
Sua beleza finita que
Envelhece a cada
segundo.
Quero desfrutar sem
Corromper
Tirei meu olho esquerdo
Só para emprestar-te
2
O gosto amargo do teu vômito
Me deliciou
Teu útero palpita
E minha boca enoja
Tudo em volta, gira!
Tudo em volta, gira!
Epílogo:
Não sei, acho que volta...
Era a mãe de um anjo
Um anjo homem
Não macho reprodutor
Um anjo homem, apenas.
Que ao conhecer o vínculo quente
Foge para a sombra do progresso
E na cidade dos homens sem asas
É morto a pauladas
(Por ser puro)
Poema para Marco Krug
Em fim liberdade...
O sangue no chão
O meu sangue!
Não vivemos num jardim de felicidade
Viver é estar preso a um corpo
E a muitas condições insuportáveis
Para mim
Gostaria de não ser tão covarde
Queria como Iessiênin
Escrever meu último poema
Com meu próprio sangue
Mas a tinta dos covardes
Não tinge o papel.
O sangue no chão
O meu sangue!
Não vivemos num jardim de felicidade
Viver é estar preso a um corpo
E a muitas condições insuportáveis
Para mim
Gostaria de não ser tão covarde
Queria como Iessiênin
Escrever meu último poema
Com meu próprio sangue
Mas a tinta dos covardes
Não tinge o papel.
Sexo dos anjos
Ela cancelou minhas células
Comeu minhas veias
Invertebrou-se atrás
Gemeu, gritou, cuspiu...
Disse que a vida não valia à pena
Andamos juntos naquela noite
Ela bêbada, mas estranhamente
lúcida
Com a vida na ponta da língua
Mas as palavras não vão além
Apenas nos detém
Nos detalhes sem importância
Nas ramificações periféricas
Porém...
Foi nas entradas secretas
De teu rosto secreção
No cartaz opaco de teu riso
Que senti tuas mãos de veludo
Apertarem meu spray genital.
6/08/93
Comeu minhas veias
Invertebrou-se atrás
Gemeu, gritou, cuspiu...
Disse que a vida não valia à pena
Andamos juntos naquela noite
Ela bêbada, mas estranhamente
lúcida
Com a vida na ponta da língua
Mas as palavras não vão além
Apenas nos detém
Nos detalhes sem importância
Nas ramificações periféricas
Porém...
Foi nas entradas secretas
De teu rosto secreção
No cartaz opaco de teu riso
Que senti tuas mãos de veludo
Apertarem meu spray genital.
6/08/93
Plexus
Me plexo é feito
De plástico
Prisma plácido
Talismã
Que é feito outro
Efeito do tempo
Meu sexo é feito
De plástico
Gangrena vivax
Meu corpo elasticocêntrico
Alcança o nexo
Mas solta-o no espaço
Confidensideral
Em outra
Nou’trem
Meu grito
Minha recusa
De me perder
Totalmente
Já não alcanço!
Meus olhos só vêem
A corrente
Agora já é tarde!
Caminho perdido
Percorro espaços
Já preenchidos pela morte
De plástico
Prisma plácido
Talismã
Que é feito outro
Efeito do tempo
Meu sexo é feito
De plástico
Gangrena vivax
Meu corpo elasticocêntrico
Alcança o nexo
Mas solta-o no espaço
Confidensideral
Em outra
Nou’trem
Meu grito
Minha recusa
De me perder
Totalmente
Já não alcanço!
Meus olhos só vêem
A corrente
Agora já é tarde!
Caminho perdido
Percorro espaços
Já preenchidos pela morte
Prazer intenso
Quando tudo é reto, sou curvo eu
A essência em mim é ausência
Do presente modo de inventar
Vivo porque invento
Digo palavras obscenas no ouvido do vento
Salvando-me de mim em teu corpo
De modo lento
Sem jeito, turbulento
Na fácil impossibilidade do prazer intenso.
A essência em mim é ausência
Do presente modo de inventar
Vivo porque invento
Digo palavras obscenas no ouvido do vento
Salvando-me de mim em teu corpo
De modo lento
Sem jeito, turbulento
Na fácil impossibilidade do prazer intenso.
Pigmento
A folha seca
Na relva oca
Toca o lado vermelho
Do som do espelho
Vida! Vida!
Inda que não haja
Sombra de dúvida
Tortura-me
A folha úmida
Na relva oca
Toca o lado vermelho
Do som do espelho
Vida! Vida!
Inda que não haja
Sombra de dúvida
Tortura-me
A folha úmida
Filme mudo
Tão leve
Me leve
Mas não me traga
A curva da volta
Tirar a roupa
Vestir a ânsia da ruptura
Nos dias (todos) de execução
Corto-me em perdão
Vibro
Mas ninguém me vê por aí
Assistindo este filme mudo
Remanescestes do enforcamento
Em cada poste de luz
A pintura descascada pelo tempo
Retrato de um homem sóbrio
Em pé,
Mas quase decomposto.
Me leve
Mas não me traga
A curva da volta
Tirar a roupa
Vestir a ânsia da ruptura
Nos dias (todos) de execução
Corto-me em perdão
Vibro
Mas ninguém me vê por aí
Assistindo este filme mudo
Remanescestes do enforcamento
Em cada poste de luz
A pintura descascada pelo tempo
Retrato de um homem sóbrio
Em pé,
Mas quase decomposto.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Sade
Seria o prazer
O avesso da dor
Ou gêmeas serão
Suas almas
Talvez o calor
De teu corpo
Transmita a doçura
Do açoite
Através de ondas
Vacilantes e viciadas
Por marés de sofrimento
Excitantes e sufocadas
Lasciva língua molhada
Construindo aberturas
Em teu corpo
Com as giletes
De meu toque
O avesso da dor
Ou gêmeas serão
Suas almas
Talvez o calor
De teu corpo
Transmita a doçura
Do açoite
Através de ondas
Vacilantes e viciadas
Por marés de sofrimento
Excitantes e sufocadas
Lasciva língua molhada
Construindo aberturas
Em teu corpo
Com as giletes
De meu toque
Voyeur
Quando um cheiro provoca
Algo
Então é um cheiro
Mas quando menos percebo
Ele me faz enlouquecer
De uma forma boa
E vai me levando
Para bem longe
Abrindo passagem para um
Grande sentimento sem nome
Como os olhos de um pássaro ferido
A distância me faz pensar
Através de léguas, quilômetros
Só uma imagem incerta
Ao longe na mata virgem
Você!
Me olhando, morto.
Algo
Então é um cheiro
Mas quando menos percebo
Ele me faz enlouquecer
De uma forma boa
E vai me levando
Para bem longe
Abrindo passagem para um
Grande sentimento sem nome
Como os olhos de um pássaro ferido
A distância me faz pensar
Através de léguas, quilômetros
Só uma imagem incerta
Ao longe na mata virgem
Você!
Me olhando, morto.
Revoada
Quando o desespero quiser tomar conta de sua mente
Acredite, eu seguirei a estrada até os limites da cidade
E lá cravarei uma placa com meus mais loucos devaneios
E dentre eles, estará tua boca, iluminada pela luxúria
De uma revoada de pássaros cegos....
Acredite, eu seguirei a estrada até os limites da cidade
E lá cravarei uma placa com meus mais loucos devaneios
E dentre eles, estará tua boca, iluminada pela luxúria
De uma revoada de pássaros cegos....
Hora do Brasil
Cachorros quentes
Voadores
Tráfego em transe
Fumaça ácida, já não
Sinto os olhos
As rodas dos carros
Canos de descarga
E outras atrocidades
Cidades
Sozinho e com frio
Reencontro vagas lembranças
De um passado (em controle remoto)
Então, as janelas das jaulas
Se abrem
Os humanos correm de suas repartições
Como cães
Famintos e aflitos
Gastos!
Seções caóticas
Intimas declarações
Chutes no saco
Porradas na boca
19 horas......................................................
Voadores
Tráfego em transe
Fumaça ácida, já não
Sinto os olhos
As rodas dos carros
Canos de descarga
E outras atrocidades
Cidades
Sozinho e com frio
Reencontro vagas lembranças
De um passado (em controle remoto)
Então, as janelas das jaulas
Se abrem
Os humanos correm de suas repartições
Como cães
Famintos e aflitos
Gastos!
Seções caóticas
Intimas declarações
Chutes no saco
Porradas na boca
19 horas......................................................
Bolero sem oxigênio
Já parti todas as alavancas
Cortei todas as antenas
Embora fossem centenas
Na minha cabeça se destroçam
Metais terrosos
Enquanto vultos mastigam
Soldados jovens, na sombra de Brasília
Homens correm
Mas nenhum semáforo
Comenta nada
Mais um herói anônimo
Morreu humilhado
Cidadão, sujeito, predicado
O sangue ainda jorra
Mas o corpo é gelado
Nenhuma salva de tiros
Apenas mais um número velado
E na parede, um velho retrato
Flutua apaixonado
O ânus de cristo
Abençoado
Cortei todas as antenas
Embora fossem centenas
Na minha cabeça se destroçam
Metais terrosos
Enquanto vultos mastigam
Soldados jovens, na sombra de Brasília
Homens correm
Mas nenhum semáforo
Comenta nada
Mais um herói anônimo
Morreu humilhado
Cidadão, sujeito, predicado
O sangue ainda jorra
Mas o corpo é gelado
Nenhuma salva de tiros
Apenas mais um número velado
E na parede, um velho retrato
Flutua apaixonado
O ânus de cristo
Abençoado
Pequena alegoria patética
Solidão eterna, quisera ser quimera, mas outrora
Inda não se finda, a faca que busca a ferida certa
Também celebro a gota bêbada, que faz do ogro
Bailarino e da mariposa uma janela aberta.
Inda não se finda, a faca que busca a ferida certa
Também celebro a gota bêbada, que faz do ogro
Bailarino e da mariposa uma janela aberta.
Eu sou o automóvel
A caminho
A caminho
Caminho só
Sem caminho algum
Na auto-estrada da solidão
Desastre na curva
Do coração
Sangue a caminho
Morte a caminho
Parado no meio do caminho
Na pista dupla de decepção
Meu corpo ilustre
No ferro velho da eternidade
A caminho
Caminho só
Sem caminho algum
Na auto-estrada da solidão
Desastre na curva
Do coração
Sangue a caminho
Morte a caminho
Parado no meio do caminho
Na pista dupla de decepção
Meu corpo ilustre
No ferro velho da eternidade
Balada do coveiro
Então que me tapem
Com terra fria
Pois com os vermes
Talvez descubra
Outras filosofias
Com terra fria
Pois com os vermes
Talvez descubra
Outras filosofias
Fábula
Homens e seus carros
Fabulosas máquinas
Homens e suas mulheres
Fabulosas máquinas
Homens e seus sexos
Fabulosas máquinas
Homens e suas ogivas
Fabulosas máquinas
Homens e seus programas
Fabulosas máquinas
Homens e seus louvores
Fabulosas máquinas
Quem me ama
Não me governa (nem em fantasias)
Rio hoje
Choro amanhã
Gozo agora
Saio as fabulosas ruas
Vejo as fabulosas pessoas
Fazendo fabulosamente as mesmas coisas
Nunca vi algo tão fabuloso
Que me fizesse acordar
Da fábula ao menos
Um segundo (sequer)
Fabulosas máquinas
Homens e suas mulheres
Fabulosas máquinas
Homens e seus sexos
Fabulosas máquinas
Homens e suas ogivas
Fabulosas máquinas
Homens e seus programas
Fabulosas máquinas
Homens e seus louvores
Fabulosas máquinas
Quem me ama
Não me governa (nem em fantasias)
Rio hoje
Choro amanhã
Gozo agora
Saio as fabulosas ruas
Vejo as fabulosas pessoas
Fazendo fabulosamente as mesmas coisas
Nunca vi algo tão fabuloso
Que me fizesse acordar
Da fábula ao menos
Um segundo (sequer)
Entrada triunfal
Num canto qualquer
Centenas de anjos
Centenas de anjos
Centenas de anjos
Centenas de anjos
Centenas de anjos
Centenas de anjos
De banho tomado
De talco passado
Anunciam minha gloriosa
Chegada no inferno
Centenas de anjos
Centenas de anjos
Centenas de anjos
Centenas de anjos
Centenas de anjos
Centenas de anjos
De banho tomado
De talco passado
Anunciam minha gloriosa
Chegada no inferno
domingo, 26 de julho de 2009
Moça de família
A janela do quarto, quase uma televisão
A sacada da sala, um verdadeiro cinema
A vida passando lá em baixo
Colorida e excitante
Mas então um gemido rouco atravessa
O aposento, é a mãe, velha e doente
Perguntando – o que está fazendo?
E cheia de tédio e frustração responde
- Nada mãezinha.
A sacada da sala, um verdadeiro cinema
A vida passando lá em baixo
Colorida e excitante
Mas então um gemido rouco atravessa
O aposento, é a mãe, velha e doente
Perguntando – o que está fazendo?
E cheia de tédio e frustração responde
- Nada mãezinha.
Nosferatu
Quando os ponteiros
Marcarem hora nenhuma
Vamos nos encontrar
Naquele meu sonho recorrente
Onde você virá de branco
E eu com sangue nos dentes.
Marcarem hora nenhuma
Vamos nos encontrar
Naquele meu sonho recorrente
Onde você virá de branco
E eu com sangue nos dentes.
Xenoglossia
Aquilo que ouço é muito diferente
Das "certezas" que preciso
Então, de costas para o penhasco
Esqueço as placas
Esqueço os avisos
E permaneço, vivo!
Das "certezas" que preciso
Então, de costas para o penhasco
Esqueço as placas
Esqueço os avisos
E permaneço, vivo!
Canção inacabável
E aí vou eu
Galopando no carrossel
Que não gira
Esperando a aurora
Com hora marcada
Conversando com o vento
Ruminando meus abismos...
Mas, mesmo assim, o sol
Refaz seu strip-tease orgânico
Revelando assim o seio da lua
Galopando no carrossel
Que não gira
Esperando a aurora
Com hora marcada
Conversando com o vento
Ruminando meus abismos...
Mas, mesmo assim, o sol
Refaz seu strip-tease orgânico
Revelando assim o seio da lua
Genitor
Quero me asfixiar em tuas axilas
Morder teus supercílios
Fazer-te parir cem filhos
Rasgar teu ventre em pedaços
E depois tranqüilo
Morrer em teus braços
Mas, se mesmo assim
Você preferir apenas ir ao cinema
Não me convide
Pois vou estar retrocedendo o poema.
Morder teus supercílios
Fazer-te parir cem filhos
Rasgar teu ventre em pedaços
E depois tranqüilo
Morrer em teus braços
Mas, se mesmo assim
Você preferir apenas ir ao cinema
Não me convide
Pois vou estar retrocedendo o poema.
A Utopia dos vagabundos
Se todos os vagabundos do mundo
Se reunissem para orar
Se todos os vagabundos do mundo
Abrissem seus olhos e sorrissem
Com suas bocas desdentadas
Se todos eles nos contassem suas histórias
Ordinárias
O mundo seria toneladas de angústia
Mais tolerável
Todos os vagabundos do mundo
Parecem caber na minha mochila
Todos os vagabundos...
25-03/03
Se reunissem para orar
Se todos os vagabundos do mundo
Abrissem seus olhos e sorrissem
Com suas bocas desdentadas
Se todos eles nos contassem suas histórias
Ordinárias
O mundo seria toneladas de angústia
Mais tolerável
Todos os vagabundos do mundo
Parecem caber na minha mochila
Todos os vagabundos...
25-03/03
Parábola herege
Que meu poema
Não sirva de emblema
Para ninguém.
Pois, em meu crânio
Está esculpida
A insegurança do criador.
Não sirva de emblema
Para ninguém.
Pois, em meu crânio
Está esculpida
A insegurança do criador.
sábado, 25 de julho de 2009
Rastejante
Teu rosto imóvel
Era um revolver
Meu peito trêmulo
Foi um tambor
Teu sexo frágil
Será navalha
Tua boca úmida
Uma serpente pálida.
Era um revolver
Meu peito trêmulo
Foi um tambor
Teu sexo frágil
Será navalha
Tua boca úmida
Uma serpente pálida.
Rápido retrato de uma noite veloz
Flores e máquinas do apocalipse adolescente
Chicletes invertebrados iluminam teus olhos
Que como poças de sangue prateado rugem
Na noite veloz de teu sonho eletrificado
Guitarras sonâmbulas percorrem as ruas
Rugindo as mais tristes melodias esquecidas
O gosto azul de minha pasta de dentes refaz
O último desejo de um condenado
O jovem no retrato da parede de seu quarto
Um sorriso cortado pela metade uma canção
Que se desfaz antes alguém a componha
Uma cobra que brinca com seu veneno
Transformada numa ninfa de joelhos
E se perguntarem por mim...
Estou por aí
Ao sabor do vento
Na trilha das formigas
Na poeira das estradas
No olhar dos vagabundos
Na gengiva dos bêbados
Na naftalina dos livros
No sexo dos condenados
No bilhete dos suicidas
Na carne dos aleijados
Com aqueles que nunca
Serão os sorteados...
Chicletes invertebrados iluminam teus olhos
Que como poças de sangue prateado rugem
Na noite veloz de teu sonho eletrificado
Guitarras sonâmbulas percorrem as ruas
Rugindo as mais tristes melodias esquecidas
O gosto azul de minha pasta de dentes refaz
O último desejo de um condenado
O jovem no retrato da parede de seu quarto
Um sorriso cortado pela metade uma canção
Que se desfaz antes alguém a componha
Uma cobra que brinca com seu veneno
Transformada numa ninfa de joelhos
E se perguntarem por mim...
Estou por aí
Ao sabor do vento
Na trilha das formigas
Na poeira das estradas
No olhar dos vagabundos
Na gengiva dos bêbados
Na naftalina dos livros
No sexo dos condenados
No bilhete dos suicidas
Na carne dos aleijados
Com aqueles que nunca
Serão os sorteados...
Poema da digestão in
Brotoeja chá de carqueja
Broto um tanto roto
Arroto lotado de gás
Que faz e faz
Relampejar o estômago
Toma! Toma!
Chá de carqueja com cereja
Broto roto no gozo
A alma gagueja
E teus lábios grandes
Vermelhos e úmidos
Tem gosto de cereja
E chá de carqueja
Brota rota que carqueja
Gagueja em minha mão
Broto um tanto roto
Arroto lotado de gás
Que faz e faz
Relampejar o estômago
Toma! Toma!
Chá de carqueja com cereja
Broto roto no gozo
A alma gagueja
E teus lábios grandes
Vermelhos e úmidos
Tem gosto de cereja
E chá de carqueja
Brota rota que carqueja
Gagueja em minha mão
Ártico
Nenhum movimento
Nas flores geladas
Nenhum ruído na
Imensidão branca
A primavera espera
Inquieta o repouso
De seu esposo
O inverno.
Nas flores geladas
Nenhum ruído na
Imensidão branca
A primavera espera
Inquieta o repouso
De seu esposo
O inverno.
Apontamento de um ferro velho
Um cachorro velho e cansado dorme molhado dentro de um
Velho Chevrolet abandonado. Nos fundos de um cemitério de
Automóveis...
O crucifixo ainda no retrovisor, pois, a ferrugem não teve coragem
De comer os últimos vestígios de Jesus que sozinho balança no
pára-brisas...
Velho Chevrolet abandonado. Nos fundos de um cemitério de
Automóveis...
O crucifixo ainda no retrovisor, pois, a ferrugem não teve coragem
De comer os últimos vestígios de Jesus que sozinho balança no
pára-brisas...
Vigilia
Na cabeceira da cama
Encontrei minha cabeça
Grudada em outro corpo.
Então pergunto à ela, - o que
Fazes neste corpo que não
te pertence?
Ela sorri e não me diz nada
Mais uma noite que durmo
Com a televisão ligada.
Encontrei minha cabeça
Grudada em outro corpo.
Então pergunto à ela, - o que
Fazes neste corpo que não
te pertence?
Ela sorri e não me diz nada
Mais uma noite que durmo
Com a televisão ligada.
Noitinha
Dois loucos no pátio do hospício
O primeiro vira para o segundo e diz:
- Olha aquele queijo lá em cima.
O outro responde, que queijo que nada
Aquele já comi ontem
Ah! Então deve ser a lua.
O primeiro vira para o segundo e diz:
- Olha aquele queijo lá em cima.
O outro responde, que queijo que nada
Aquele já comi ontem
Ah! Então deve ser a lua.
Volúpia opaca
Era uma vez uma
Vênus medrosa...
Desencantada fez
As malas e partiu.
Então, toda noite
Procuro seu rastro
Nas sobrancelhas
De algum cometa.
Vênus medrosa...
Desencantada fez
As malas e partiu.
Então, toda noite
Procuro seu rastro
Nas sobrancelhas
De algum cometa.
Colecionadores
Amar é colecionar impurezas
É contrair certezas virulentas
É mastigar cacos de vidro
Imaginando amoras.
É contrair certezas virulentas
É mastigar cacos de vidro
Imaginando amoras.
Era uma vez um homem
Quando acordei, abri os olhos como faço habitualmente todos os dias, porém mesmo com os olhos abertos tudo continuava escuro, então procurei o abajur e para meu espanto esbarrei em uma pessoa. “Quem é você?” perguntei, e depois de alguns segundos de silêncio ela me disse seu nome. “E o que faz em minha casa?” “Quem disse que você está em sua casa?”, gelei e minha voz sumiu. Percebendo, ela tentou me acalmar dizendo que o mesmo também lhe ocorrera: um dia acordara e estava neste lugar em que nos encontrávamos agora. “Mas que lugar é este?” perguntei. “Faz um mês que estou aqui, no escuro total, já aprendi a me guiar e localizar os lugares onde nos deixam diariamente comida e água e também já observei que isto é feito sempre no mesmo horário, tento entender o porquê, aliás, gostaria de compreender o que exatamente estou fazendo aqui neste lugar escuro. Às vezes ouço outras vozes, tento segui-las, mas em vão, elas rapidamente se dissipam e tudo volta ao mais profundo silêncio e torpor, apenas o som de minha respiração, pois estando privado da visão passei a voltar minha atenção aos menores ruídos e especialmente aos sons do meu próprio corpo e confesso que nunca imaginei serem como são e, de certa forma, mesmo estando à beira da insanidade me sinto quase livre, já não sinto medo nem culpa, as perguntas sumiram como por encanto. Sinto-me vazio, desobstruído e confortável como uma criança no útero mãe. Não sei mais há quanto tempo estou aqui, mas isso já não tem a menor importância, pois sinto uma paz que nunca senti, agora posso sentir todo meu corpo pulsar e ouvir os deliciosos ruídos de meu corpo se transformando em pó.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Vampiro etílico
Cuidado!
Meu sangue é vermelho
Mas não é vermute
Beba com moderação
Nada de gute, gute...
Meu sangue é vermelho
Mas não é vermute
Beba com moderação
Nada de gute, gute...
Cadafalso
O orvalho uiva no diâmetro das solidões
Enquanto a régua regula o ângulo de minha dor
Para que a forma de teus açoites atinjam
A finitude de meu corpo morno
Na infinita volúpia de um abraço.
Enquanto a régua regula o ângulo de minha dor
Para que a forma de teus açoites atinjam
A finitude de meu corpo morno
Na infinita volúpia de um abraço.
sábado, 18 de julho de 2009
Oração circular
Fartei-me deste aço
Que me comprime o peito
Quero teus beijos, mesmo
Que me façam em pedaços.
Que me comprime o peito
Quero teus beijos, mesmo
Que me façam em pedaços.
Apoteose dos sentidos
Sinto meu coração bater
Como num pesadelo estereofônico
Onde pedaços de meu suor poderiam
Destruir cidades inteiras
Mas prefiro voar desesperado
com meu par de asas acrílicas
Então, fragmentos desconexos
de meus sonhos cairão como
farelos no carpete de teus cabelos
Ainda tento reaver os sentidos
Mas agora já é tarde,
Pois as setas já estão cravadas
Em meu peito trêmulo
As insígnias do desassossego
Decoram meu velho uniforme
De guardião dos abismos
Musas petrificadas caminham
Sonâmbulas na apoteose dos
Sentidos
Ruídos que percorreram séculos
Eclodem em minha mente
Como um novo éden em ruínas.
Como num pesadelo estereofônico
Onde pedaços de meu suor poderiam
Destruir cidades inteiras
Mas prefiro voar desesperado
com meu par de asas acrílicas
Então, fragmentos desconexos
de meus sonhos cairão como
farelos no carpete de teus cabelos
Ainda tento reaver os sentidos
Mas agora já é tarde,
Pois as setas já estão cravadas
Em meu peito trêmulo
As insígnias do desassossego
Decoram meu velho uniforme
De guardião dos abismos
Musas petrificadas caminham
Sonâmbulas na apoteose dos
Sentidos
Ruídos que percorreram séculos
Eclodem em minha mente
Como um novo éden em ruínas.
Contentamento
Eu roia meu contentamento
Como a um suculento osso
Como o fêmur de uma fêmea
Que mesmo trágica, emanava
O sabor das coisas incontidas.
Como a um suculento osso
Como o fêmur de uma fêmea
Que mesmo trágica, emanava
O sabor das coisas incontidas.
Divina presença
Deus apresentou-se a mim
Como um dragão Chinês
Seus anjos mais pareciam
Prostitutas mexicanas
Todas bêbadas e ornadas
De púrpura celestial
Deus apresentou-se a mim
Como um traficante de armas
Sempre cercado por serafins
Aleijados e anões mascarados
Deus apresentou-se a mim
Como um velho mascate
Libanês
Rodeado de quinquilharias
Penduradas em sua carroça
Invisível
Deus apresentou-se a mim
Como um tubarão branco
Que ansioso esperava
Algum cardume de almas
Desgarradas
Deus apresentou-se a mim
Como uma criança negra
Que vendia seu corpo
Por alguns trocados
Deus apresentou-se a mim
Como um búfalo cinza
Que fugindo do inverno
Buscava outras pastagens
Deus apresentou-se a mim
Como um vagabundo
Que rodeado de cães
Procurava abrigo numa
Noite úmida e fria
Deus apresentou-se a mim...
Como um dragão Chinês
Seus anjos mais pareciam
Prostitutas mexicanas
Todas bêbadas e ornadas
De púrpura celestial
Deus apresentou-se a mim
Como um traficante de armas
Sempre cercado por serafins
Aleijados e anões mascarados
Deus apresentou-se a mim
Como um velho mascate
Libanês
Rodeado de quinquilharias
Penduradas em sua carroça
Invisível
Deus apresentou-se a mim
Como um tubarão branco
Que ansioso esperava
Algum cardume de almas
Desgarradas
Deus apresentou-se a mim
Como uma criança negra
Que vendia seu corpo
Por alguns trocados
Deus apresentou-se a mim
Como um búfalo cinza
Que fugindo do inverno
Buscava outras pastagens
Deus apresentou-se a mim
Como um vagabundo
Que rodeado de cães
Procurava abrigo numa
Noite úmida e fria
Deus apresentou-se a mim...
Velho testamento
Eu reinventei o fogo só pra ver teus olhos brilharem
Eu busquei minha última gota de sangue
No fundo de um abismo negro
Eu torci minha alma como um lençol molhado
Depois me estendi como um lagarto na savana
Do teu beijo
Capturei os ruídos distantes de uma noite de verão
E entreguei-te como um presente
Embrulhado em minhas tripas ainda quentes
Eu colhi o algodão junto com os negros
Eu me banhei nu no missisipi ardente
Eu te trouxe o único pedaço de selva
Ainda intocado pelo homem branco
Eu senti as chagas de cristo brotarem
Em meus punhos cansados
Eu estava na sentença de morte
Sentado na cadeira com a pequena
Princesa moura...
Eu me reconheci no reflexo turvo
De um jovem soldado turco
No cerco à constantinopla
Eu entreguei meus pertences
A um estranho
Eu percorri mortificado as ruas
De Hamburgo
Eu ouvi as bombas que caiam
Como pétalas negras
Eu me escondi na sombra de um
Carvalho gigantesco.
Eu busquei minha última gota de sangue
No fundo de um abismo negro
Eu torci minha alma como um lençol molhado
Depois me estendi como um lagarto na savana
Do teu beijo
Capturei os ruídos distantes de uma noite de verão
E entreguei-te como um presente
Embrulhado em minhas tripas ainda quentes
Eu colhi o algodão junto com os negros
Eu me banhei nu no missisipi ardente
Eu te trouxe o único pedaço de selva
Ainda intocado pelo homem branco
Eu senti as chagas de cristo brotarem
Em meus punhos cansados
Eu estava na sentença de morte
Sentado na cadeira com a pequena
Princesa moura...
Eu me reconheci no reflexo turvo
De um jovem soldado turco
No cerco à constantinopla
Eu entreguei meus pertences
A um estranho
Eu percorri mortificado as ruas
De Hamburgo
Eu ouvi as bombas que caiam
Como pétalas negras
Eu me escondi na sombra de um
Carvalho gigantesco.
Ora pro nobis
Se acaso, acima dos céus existir algo além de gases letais e escuridão cósmica, faz uma forcinha aí, e orai por nós.
O retorno
Mesmo que ainda hesitante, resolvi atravessar o portão de entrada, o silêncio me sufocava como se me apertassem violentamente a garganta. Mas resisti e entrei na propriedade que outrora pertencera a minha família. Percebo então que tudo estava mudado, ou ao menos me parecia, as árvores eram agora mais altivas e seus grossos galhos sugeriam-me braços disformes e repletos de sulcos tomados de um desamor secular. Somado a tudo isto, o cheiro de mofo que emanava das paredes encardidas fazia-me viajar no tempo. Para minha infância que ressurgia como um alienado que busca em desespero por algum resto de ar nas profundezas de um lago, que chamam passado, que chamarei solidão. Então vejo o futuro nas cinzas do cigarro de uma cigana, que sentada no canto da escada, mostra-me uma carta, aponta-me o dedo e sorri, para meu desespero, ela sorri, ela gargalha e eu flutuo num último suspiro. Então, agora um velho desce as escadas e percebo que em seus braços trêmulos, carrega uma criança.
Trova trôpega ou a balada do esquecimento
Eu sonhei que havia esquecido tudo, tudo mesmo.
Nada sobrara para contar a história, nem mesmo a cisma,
Aquela mais encravada na memória, nem ela.
[mas que cadela]
Triste, né! Que nada, estou é aliviado, e atropelando as palavras
Sigo, enfadonhamente feliz, [como um refrão pop]
Grudando nas paredes, escorrendo pelos narizes.
08/07/09
Nada sobrara para contar a história, nem mesmo a cisma,
Aquela mais encravada na memória, nem ela.
[mas que cadela]
Triste, né! Que nada, estou é aliviado, e atropelando as palavras
Sigo, enfadonhamente feliz, [como um refrão pop]
Grudando nas paredes, escorrendo pelos narizes.
08/07/09
Consciência
Minha cabeça é uma oficina caótica, onde pensamentos rangem como parafusos sem encaixe preciso. Aqui, tudo que importa é a gritante vontade de sobreviver a mais um dia de trabalhos forçados, pressão, imposta pelo torno mecânico da consciência.
Trigésimo andar
Mandei ela ver se eu estava na esquina
E quer saber, eu estava, que situação.
Então mandei flores, mas a maldita queria
Seus miseráveis bombons de amarula
Senti vontade de abrir a janela e dizer
- Vai, pula!
E quer saber, eu estava, que situação.
Então mandei flores, mas a maldita queria
Seus miseráveis bombons de amarula
Senti vontade de abrir a janela e dizer
- Vai, pula!
Prometeu, filho de Hera?
Montado em seu dragão neon metropolitano
O deus do acaso, entregou-me o fogo sagrado
Na brasa de um cigarro emprestado.
O deus do acaso, entregou-me o fogo sagrado
Na brasa de um cigarro emprestado.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Assim vive um neurótico
As pessoas organizadas precisam ter tudo sob controle, pois isto é parte de sua natureza, sejam os livros na estante, seja a hora do almoço. Mas infelizmente não pertenço a esta classe de seres. Ou melhor, parece que sou o inverso dela, pois, tudo me escapa, os objetos se escondem e, sobretudo, os pensamentos, estes sim me deixam louco, com sua mania insuportável de driblar meu domínio.
Mas, certas coisas preciso manter tuteladas, como por exemplo, o ano em que estou vivendo, preciso saber disto, caso contrário não poderei varrer os abismos diariamente. E eles precisam ser varridos, acredite.
Assim vive um neurótico (lá, lá, lá...)
Se não posso ser o Edgar Allan Poe, posso ao menos ser eu mesmo, mas um pouco melhor que ontem, e isto já é muito, tendo em vista o montante de entulho do além, que recebo diariamente. Mas vou sobreviver, agora mais do que nunca, preciso, tenho, quero. Será? Sim! Pois aquele que veio de mim é o mais importante. E seu sangue quente é meu, e será de outros. Preciso ter fé, se não nos deuses, ao menos nesta força que desconheço. Podem até ser eles brincando comigo, estes deuses são foda.
Destilar veneno e caminhar calmamente, não são exatamente contraditórios. Eu, tu, nós eles...
Assim vive um neurótico (lá, lá, lá...)
Limpar é preciso! A nação, o coração, a bunda do cachorro. Sim, senhores! eu tenho minhas prioridades higiênicas, é verdade. Mas uma coisa é certa, a televisão não usa o tubo de imagem para respirar. Já quanto á mim, não ofereço garantia de nada, não sou fiador de ninguém. Se quiser me amar, problema seu. Eu sigo me esquivando da responsabilidade, mas se tiver que comparecer, vou, mas apenas de corpo presente. Minha mente? Esta já doei as ciências ocultas, ao saberes indizíveis, então, me deixem surtar em paz.
Assim vive um neurótico (lá, lá, lá...)
Comecei a contar os pássaros negros, que diante do crepúsculo, voavam organizadamente, como um samurai que limpa hermeticamente sua espada antes do harakiri. Mas cansei de contá-los, sou volúvel, ou melhor, uma completa besta. E ainda por cima, destruo toda ajuda possível, para mim a auto sabotagem é quase uma arte.
Assim vive um neurótico (lá, lá, lá...)
O amor é uma forma de extremismo? Sei lá, mas acho que sim. Se até Jesus afirma que me ama, então, como posso pensar em algo diferente? Se bem que Jesus nunca me disse isso pessoalmente, foram seus “mensageiros” na terra. Mas como se pode discutir com alguém tão representado, coitado, deve estar assinando toneladas de papéis. Pensando bem, deve ser uma dor de cabeça ser Deus. Ter que estar em toda parte, ter que ouvir tanta gente chata e o tempo todo. Putz! To fora.
Assim vive um neurótico (lá, lá, lá...)
Entre mim e minha morte, existe apenas um ponto final. E por mais que eu me agarre desesperado as janelas, o dia vai nascer, então, o joio vai novamente se misturar ao trigo. E a promessa que fiz... Cristo! O que faço com ela? No momento, o mais prudente seria me calar, esperar o sol reanimar as uvas, e tragar a vida lentamente, apenas.
Mas, certas coisas preciso manter tuteladas, como por exemplo, o ano em que estou vivendo, preciso saber disto, caso contrário não poderei varrer os abismos diariamente. E eles precisam ser varridos, acredite.
Assim vive um neurótico (lá, lá, lá...)
Se não posso ser o Edgar Allan Poe, posso ao menos ser eu mesmo, mas um pouco melhor que ontem, e isto já é muito, tendo em vista o montante de entulho do além, que recebo diariamente. Mas vou sobreviver, agora mais do que nunca, preciso, tenho, quero. Será? Sim! Pois aquele que veio de mim é o mais importante. E seu sangue quente é meu, e será de outros. Preciso ter fé, se não nos deuses, ao menos nesta força que desconheço. Podem até ser eles brincando comigo, estes deuses são foda.
Destilar veneno e caminhar calmamente, não são exatamente contraditórios. Eu, tu, nós eles...
Assim vive um neurótico (lá, lá, lá...)
Limpar é preciso! A nação, o coração, a bunda do cachorro. Sim, senhores! eu tenho minhas prioridades higiênicas, é verdade. Mas uma coisa é certa, a televisão não usa o tubo de imagem para respirar. Já quanto á mim, não ofereço garantia de nada, não sou fiador de ninguém. Se quiser me amar, problema seu. Eu sigo me esquivando da responsabilidade, mas se tiver que comparecer, vou, mas apenas de corpo presente. Minha mente? Esta já doei as ciências ocultas, ao saberes indizíveis, então, me deixem surtar em paz.
Assim vive um neurótico (lá, lá, lá...)
Comecei a contar os pássaros negros, que diante do crepúsculo, voavam organizadamente, como um samurai que limpa hermeticamente sua espada antes do harakiri. Mas cansei de contá-los, sou volúvel, ou melhor, uma completa besta. E ainda por cima, destruo toda ajuda possível, para mim a auto sabotagem é quase uma arte.
Assim vive um neurótico (lá, lá, lá...)
O amor é uma forma de extremismo? Sei lá, mas acho que sim. Se até Jesus afirma que me ama, então, como posso pensar em algo diferente? Se bem que Jesus nunca me disse isso pessoalmente, foram seus “mensageiros” na terra. Mas como se pode discutir com alguém tão representado, coitado, deve estar assinando toneladas de papéis. Pensando bem, deve ser uma dor de cabeça ser Deus. Ter que estar em toda parte, ter que ouvir tanta gente chata e o tempo todo. Putz! To fora.
Assim vive um neurótico (lá, lá, lá...)
Entre mim e minha morte, existe apenas um ponto final. E por mais que eu me agarre desesperado as janelas, o dia vai nascer, então, o joio vai novamente se misturar ao trigo. E a promessa que fiz... Cristo! O que faço com ela? No momento, o mais prudente seria me calar, esperar o sol reanimar as uvas, e tragar a vida lentamente, apenas.
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