quinta-feira, 20 de junho de 2019

Eu, o lutador.

Calço as luvas e subo no ringue, e para meu espanto meu oponente é bizarramente parecido comigo. A luta começa, ele bate forte e antevê todos meus golpes, suas respostas deformam minha face e o castigo na região hepática me priva de ar. Terceiro assalto, meus braços pesam toneladas, inferno, ele lê minha mente e controla meus músculos, resisto, mas ele que é meu reflexo, bate impiedosamente. Oitavo assalto, sou atirado a lona por um sequência letal, percebo o nariz quebrado e o ginásio gira como um carrossel esquizofrênico. A contagem é aberta e tento levantar no oito, mas desabo de forma patética, a multidão sedenta por diversão ri em êxtase depravado. Acordo em um leito e não sinto as pernas, que Deus proteja meu filho.

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