sábado, 18 de abril de 2015

Raiva

É preciso guarda a preciosa energia da raiva em caixas ornadas por afeto e meladas de melancolia. Vou guardar a minha para momentos valiosos, para ocasiões que requererem Vestimenta de gala, para o canto lírico dos abutres de marfim no telhado de uma Morada sem dono ou senhor, onde vagabundos fumam crack o dia todo e saem a noite para buscar o impossível em pontes e avenidas imaginárias. Caos sem legendas, amores perdidos no fog, sim, vou guardar minha raiva. Mas para pares que não me julguem sem entender a si próprios. Vou guardar minha raiva, roer meus ossos e dormir em posição fetal. Retroceder a fita até a canção certa e depois me desfazer como fumaça e solidão na madrugada. Até que os peixes venham alimenta-se de minha carcaça encardida de afeto inútil.

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